sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O playboy e o catador de lixo - um conto de verão


Mentira, aqui não tem conto nenhum. Estava lendo o post do Jamari França sobre o Verão para quem não pode curtir a praia. Claro que nos comentários sempre surge alguém argumentando justamente com as qualidades do Verão para quem PODE estar na praia - o típico playboy babaca da Zona Sul do Rio de Janeiro que todos odeiam mas muitos gostariam de ser, admiram e copiam. Na boa, calor é bom pra quem está na praia, ter que sair de casa de roupa é um inferno.





Eu sempre lembro de uma situação que vi anos atrás envolvendo um desses deserdados do verão e um playboy da Zona Sul, já em idade avançada até, em uma das praias em meio ao lixo e debaixo do maçarico citados pelo Jamari. Situando, o Brasil é recordista em reciclagem de latinhas, não por sermos um país ecológico mas por termos uma boa parcela da população que vive da venda dessas latinhas. É o lixo que some mais rápido em grandes eventos e aglomerações, há sempre catadores na disputa.

Então, num belo dia de Sol em que eu podia curtir a praia, um desses catadores abordou um grupo perto de mim perguntando se podia levar as latinhas. O playboy em questão disse que o cara deveria ter dois sacos, um para catar as latinhas e outro para o lixo comum. Porra, só de lembrar disso meu sangue ferve, acho que foi o momento da minha vida em que fui mais comunista.

Quer dizer, o cara tá lá, na boa, curtindo a praia e ajudando a emporcalhá-la como os outros frequentadores (a visão da praia ao fim do dia é desoladora) e ainda quer que um sujeito miserável, que depende de latinhas jogadas fora para sobreviver, cate seu lixo para que "sua" praia fique limpa? Porra, cara, vá tomar em seu bronzeado cu cheio de areia e cate a porcaria do lixo que você deixou ali! Diga isso para os outros que sequer dão valor aos garis da Comlurb, bata palmas para eles ao fim da tarde, ao invés do pôr-do-Sol porque se eles pararem por uma semana que seja durante o Verão as areias da praia serão impossíveis de serem diferenciadas do lixão de Gramacho.


Uma das coisas que me dá raiva do carioca, especialmente os da Zona Sul, é que pensam que a cidade, o bairro, é só para eles. Todo o resto não existe. Centro, Zona Norte? Barra? Moro em Ipanema, o que é Gávea? E daí que o Leblon está uma merda, não quero ninguém aqui em Copacabana. E por aí vai.

Em tempo, sou carioca, nasci no Humaitá, morei em Itaipu, Rio Comprido e há 18 anos moro no Jardim Botânico, ou seja, praticamente um playboy da Zona Sul, mesmo que não seja.

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