quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Amor e Apego

O vídeo dessa monja andou repercutindo na internet. O que é amor, o que é apego, por que confundimos um com outro? Será que algum dia amamos de verdade ou só tivemos apego? Assista, clique no quadradinho no canto inferior direito que a legenda aparece.




Conversando sobre isso com uma amiga começamos a conjecturar várias situações a respeito destes dois sentimentos, em quais tipos de relacionamento essas definições se aplicam?


O apego é colocado como um sentimento de posse, de medo de perder. O amor envolve algo mais carinhoso em que este medo não existe. Então, num relacionamento amoroso, o ciúmes tem lugar? Os relacionamentos seriam puramente amorosos ou têm sempre um pouco de apego de ambas as partes?


Quando alguém vê um parceiro olhando para outro na rua vem aquela ponta de ciúmes, mas por que isso? Talvez porque naquele momento ele foi trocado, ele perdeu um pouco da atenção do outro. O ciúme que surge naquele momento pode ser o medo de que esta troca cresça, que o interesse por outros ou por alguém específico cresça. E então ele é trocado de vez, perde o outro. Ciúmes então é um medo de perder, algo relacionado mais ao apego do que ao amor - considerando a definição da monja - mas existe algum relacionamento totalmente livre de ciúme? Amor e apego andam de mãos dadas?


Saindo da relação de um casal, expandindo para amigos, família. Quem não tem medo de perder um parente? No entanto ninguém associa o relacionamento de pais e filhos com apego, pelo contrário, diversas pessoas dizem que aquele sim é um amor incondicional. Vemos alguns pais criando realmente os filhos para o mundo enquanto outros parecem criar os filhos para si mesmos, com um medo enorme de perdê-los. Talvez em uns o amor seja maior que o apego e em outros seja o contrário. Filhos também têm muito medo de perder os pais, não gostamos nem de pensar nisso. Agora, imagine aquela situação triste em que vemos um ente querido extremamente debilitado por uma doença ou acidente, numa cama de hospital, inconsciente ou pior, plenamente ciente de seu estado vegetativo, ansiando por uma morte digna. O medo desta pessoa morrer, de perder esta pessoa é muito pouco relacionado ao amor é mais ligado ao egoísmo. Deixar que esta pessoa se vá é visto como uma grande prova de amor. Como quando alguém deixa aquele que ama viver uma aventura em outro país porque sabe que aquilo será melhor para ele sem medo de perdê-lo.


Uma vez li em uma entrevista um cara dizendo que quem ama a vida tem medo da morte, mas o que é a vida se não o medo de perder a vida? E medo de perder não é o que chamamos de apego? Então temos mais apego do que amor à vida ou este medo de morrer é algo além da nossa natureza humana e mais ligada à nossa natureza animal, ao nosso instinto básico de sobrevivência? Já falei aqui que realmente admiro pessoas que não têm medo de morrer, acho que isso é extremamente raro, a plena consciência da morte e de que isso é inevitável então não adianta temê-la. Curioso eu ter visto isso mais em pessoas idosas, um grupo que por se ver este momento muito mais perto passa a temê-lo ou aceitá-lo mais intensamente.

2 comentários:

Iara Alencar disse...

Talvez os mais velhos nao temem tanto a morte por saber que fizeram alguma coisa da vida delas.

mas eu ainda nao fiz nada, quer dizer, fiz pouco, ainda quero ver opera, ir em roma, viajar no litoral, ter um fim de semana romantico em buenos aires.
quero ter filhos, casa com quintal,alguem que me ame e eu amo...
Anseio mais e mais...a vida nao pode parar agora, nao deixarei nenhum legado :(

Anna Flávia disse...

Acho que não tem relação sem ciúme. Sem o medo de perder. Eu entendo quando Jetsunna diz sobre a diferença entre o apego e o amor genuíno. É lindo. Até meio utópico.

E eu admiro também quem não tem medo de morrer.

Tinha salvo esse vídeo pra postar, mas ainda tô organizando os pensamentos.

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