terça-feira, 9 de março de 2010

A Casa de Pavlov

Em setembro de 1942 a cidade de Stalingrado, à beira do rio Volga, era cenário da maior batalha da Segunda Guerra Mundial. Hitler e Stalin disputavam a cidade estratégica para a tomada dos campos de petróleo ao sul da União Soviética. A média de vida de um soltado em Stalingrado era de 24 horas, a cidade estava em ruínas e cada palmo era disputado a golpes de baioneta, pás e picaretas. Os alemães diziam que conquistavam a cozinha mas ainda estavam lutando na sala de estar.

Nesse cenário um pelotão foi incumbido de tomar um edifício de quatro andares posicionado estrategicamende em frente a uma praça. O sargento Yakov Pavlov, substituindo seu superior que havia sido ferido, cumpriu a missão com três companheiros e tomaram o prédio. Eles foram reforçados por soldados e armamentos e então 24 homens (algumas fontes citam 30 nomes) estabeleceram uma fortaleza no edifício. Cercaram-no com minas, arame farpado e trincheiras, metralhadoras e morteiros foram posicionados. Trincheiras faziam a comunicação com o rio Volga o que permitia que os defensores recebessem suprimentos. Do prédio eles mantinham o entorno da praça livre de soldados alemães. Para se proteger dos bombardeios da Luftwaffe eles usaram sinalizadores de forma a enganar os pilotos e dar outros alvos para bombardeios.

De 27 de setembro a 25 de novembro o sargento Pavlov e seus homens defenderam a posição de insistentes investidas dos alemães. Em determinado momento as tropas alemãs adotaram a estratégia de "viva e deixe viver" em relação àqueles soldados, era melhor não se meter com eles. No entanto ordens eram enviadas para a retomada do edifício e novamente os homens de Pavlov rechaçavam tanques, batalhões de demolição e tropas de assalto. Posicionavam-se no telhado, nos porões e nas janelas, deixavam dezenas de corpos e sucata bélica na praça em frente, subiam para os andares superiores para fugir do alcance dos tanques e assim destruí-los. Água e comida eram insuficientes, utilizavam isolamentos de lã arrancados de canos para tentar dormir enquanto os alemães atiravam no edifício dia e noite. Eram apoiados também por civis que se escondiam no prédio.

O general Rodimtsev, em momentos de desânimo, enviava sinais de rádio para Pavlov para saber se eles ainda resistiam. Com a resposta positiva, mandava que a notícia se espalhasse por toda a linha. Saber que a Casa de Pavlov resistia dava ânimo aos combatentes vermelhos. O general Vassili Chuikov declarou que os homens de Pavlov teriam matado mais nazistas em Stalingrado do que estes haviam perdido de soldados na tomada de Paris.


O sargento Pavlov e sua "casa"

No lugar do edifício hoje existe um prédio residencial e um memorial foi erguido ao seu lado com os tijolos do edifício original. Tornou-se um símbolo da resistência soviética à invasão nazista e principalmente porque, até então, os alemães haviam conquistado cidades e países inteiros em algumas semanas mas não conseguiram, por 59 dias, tomar um edifício semi-destruído defendido por apenas 24 homens. O forte Eben-Emael, na Bélgica, era a fortaleza mais poderosa na época foi e tomado por 80 paraquedistas alemães em poucas horas. Nos mapas de guerra alemães a Casa de Pavlov era marcada como fortaleza.

Yakov Pavlov foi condecorado como Herói da União Soviética vindo a falecer em 1981.

7 comentários:

Magui disse...

O número de russos que morreram na segunda guerra foi impressionante.A gente chega a duvidar deles.É terrível quando sabemos que ainda hoje paises invadem outros para buscar suas riquesas e seus governantes são recebidos com loas como se nada estivesse acontecendo.A última foi dar o Oscar para vangloriar os americanos no Iraque e tratar os naturais como bandidos.

Karina disse...

Qdo leio essas coisas, parece tudo tão surreal. Pq de uma certa forma, tudo isso que aconteceu (e que ainda acontece) parece distante de nós.
O triste é que não está nada distante.

ABB disse...

Lembrei-me do filme: O resgate do solvado Ryan!

Murdock disse...

Magui, os números oficiais falam em 25 milhões de russos mortos, civis e militares. É como se a população das cidades do Rio e de São Paulo inteiras sumissem.

Adão, realmente lembra o filme mas aquela história se passa no lado ocidental da guerra, França se não me engano. Essa aqui ocorreu na URSS e foi de verdade.

Q-Quel®... disse...

"...os alemães haviam conquistado cidades e países inteiros em algumas semanas mas não conseguiram, por 59 dias, tomar um edifício semi-destruído defendido por apenas 24 homens."

É de arrepiar só em ler! Depois de tantos anos a historia ainda abala.

Grandes Batalhas disse...

não eram só 24 russos,eram concerteza bem mais! no mínimo uns 40. isso parece as narrativas de herodoto! onde ele disse que 300 espartanos enfrentaram 5 milhoes de persas!!! sendo que os historiadores acreditam ter sido por volta de 250 mil persas.

Anônimo disse...

Pessoal foi lançado algum filme sobre a casa de pavlov.

Seria um ótimo filme de guerra.

Ez...

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